Personagens:
Juiz
Advogado de defesa
Advogado de acusação
Alcoviteira
Escriturário
Polícia
Texto:
Oficial de justiça – Todos de pé.
Juiz – Podem-se sentar. Declaro aberta a audiência.
Aproxime-se a ré. Coloque a mão sobre o livro sagrado.
Juiz – Jura dizer a verdade, somente a verdade e nada mais que a verdade?
Brísida Vaz – (com a mão numa revista) – Sim, juro pela morte da minha rica mãezinha que já morreu. Se não que me caia um raio que me parta a cabeça e 100 açoites.
Advogado de defesa – E o sim foi bom.
Juiz – Pode-se sentar. Identidade.
Brísida Vaz - Eu??? Eu chamo-me Brísida Vaz, alcoviteira de profissão. Quem quiser os meus servicinhos são 100 euros no fim de semana e 50 em época de saldos.
Juiz (Diabo) – Bom desconto!!! A que horas está disponível?
(O escriturário para de escrever e sussurra se deve escrever isso)
Juiz (anjo) – (Tosse.) Sabe o motivo que a trouxe aqui ao tribunal?
Brísida Vaz – Deve ser por ter fugido aos impostos! Também não sabia que com a minha profissão era preciso fazer os descontos e essas roubalheiras. Não se preocupe, eu já comecei a passar facturas aos meus clientes.
Juiz (Diabo) – Não é isso.
Brísida Vaz – Uff!! Inda bem.
Juiz (Anjo) – A ré é acusada de ter concebido o crime de ofensa da lei efectuando poucas-vergonhas, afronto á sociedade e servicinhos ilícitos levando meninas boazinhas para maus caminhos. O que tem a dizer sobre isso?
Brísida Vaz – Ó filho, como podes acusar-me assim..
Advogada de acusação – Objecção!!!! Falta de respeito perante o doutor juiz. Ele não andou consigo na escola. Tem que o tratar pela 3º pessoa.
Juiz – Diferido.
Brísida Vaz – Não andou comigo na escola, mas podia ter andado nos lençóis!!! Continuando. Ò filho, como posso ser acusada assim. Eu criei aquelas meninas como se fossem minhas filhas Ensinei-lhes um oficio de longa tradição. Maus caminhos seguiriam elas se fossem pobres. Era o que as esperava. Além disso tenho muito orgulho no que faço, não tenho vergonha nenhuma. Vergonha devia ter você em chatear assim uma nobre senhora como eu, que podia estar a trabalhar.
Juiz – O advogado de acusação tem alguma coisa a dizer?
Adv. Acusação – Tenho sim senhor doutor juiz. (Levanta-se). Durante as suas declarações limitou-se a fugir das acusações que lhe são dirigidas. Responda de uma vez. Admite ou não os crimes de que é acusada sabendo que são punidos pelo Decreto Lei nº00007, artigo 60 alínea z)?
Brísida Vaz – Não. È um ultraje ousarem dizer que levei as minhas ricas meninas para apela má vida.
Advogado de acusação – Então nega tudo, embora haja provas e tetemunhas contra?. Não tenha mais nada a dizer.
Juiz – Advogado de Defea, tem algo a acrescentar?
Adv. Defesa – Sim, senhor doutor juiz. (Levanta-se) – Sra D. Brígida Vaz, é ou não verdade que não recebeu nenhuma queixa dos serviços que você ou as suas meninas fizeram?
Brísida Vaz – É verdade.
Adv. Defesa – Quantos, mas quantos políticos, empresários de sucesso e jogadores encontram em casa da minha cliente uma fuga para os seus problemas e angustias existenciais. Isto só prova a importância deste honroso trabalho para a sociedade Não tenho mais nada a acrescentar.
Juiz – Provados os factos constantes da acusação considero a ré culpada pelo crime de difamação e quebra do sigilo profissional a 5 anos de prisão e 10 açoites por dia enquanto lá permanecer.
Brígida Vaz – Como? Cinco anos!? Isso é muito!!! Eu preciso de trabalhar.
Juiz – Declaro encerrada a sessão.
Brígida Vaz – Não!! São cinco anos, é muito tempo, eu preciso de trabalhar!!! Não!! Não pode fazer isso!! È muito tempo, eu preciso de trabalhar!! ( chega um polícia e prende-a.) Não imploro-lhe.. Não!!
Advogado de defesa – Deixe lá, deixe lá.
Fontes: Vicente, Gil. Auto da Barca do Inferno
Aqui está a entrevista ao parvo, uma das personagens do auto da Barca do Inferno.
Esperemos que gostem!!
Entrevista a Joane “O Parvo”
Em Entrevistas passadas
Entrevistador – Ana Rita
Joane -Daniel
● Entrevistador – Muito Boa Noite, Srs. Telespectadores. Temos hoje connosco, na nossa rubrica, Joane “O Parvo”. O grande Vencedor de um bilhete que garante a entrada na barca da glória.
● Entrevistador – Boa Noite, Joane!
● Parvo (Daniel) – Boa Noite!
● Entrevistador – Diga-nos, o que sentiu ao ser o grande contemplado com um prémio tão cobiçado.
● Parvo – Eu??Eu?? (olhando em volta). Ganhei?!O quê? O que é que foi que eu ganhei? (surpreendido)
● Entrevistador – Sim! Então não sabe que foi o premiado com uma viagem só de ida para o paraíso?
● Parvo - Ahh? Ah, já sei aquela coisa das barcas…já me lembro! Mas ganhava-se alguma coisa…? Ora bem eu morri, samicas de cagamerdeira e fui para lá … não participei em nadica de nada…mas querem enganar quem? Ahh…eu é que não sou parvo!
● Entrevistador – Mas… o senhor (interrupção)
● Parvo – Mas… Se eu ganhei uma viagenzinha para o paraíso, posso ir visitar os meus paizinhos que ‘tão mortinhos matados de mortezinha morrida. Te’ né mau de todo!
Mas é só de ida (Pensa para os seus botões)? E se eu não gostar lá do sítio? O que é que faço? Sou obrigado a ficar lá? Oh! Isto é só aldrabice! Vai dar palha aos burros!
● Entrevistador – Já chega de trapalhadas!
Ninguém o está a enganar! Você morreu e foi para o paraíso, o que se pode querer mais? Vamos continuar…
● Entrevistador – Pedimos desculpa por este incidente…Por que pensa que foi seleccionado, senhor parvo?
● Parvo – Atão…Pois, não sei! Sei lá escolheram-me para esta coisa da barcaça!
Tavam lá o senhor fidalgo, o frade, a menina alcoviteira e uma carrada de gentinha, agora não sei porque é que me escolheram! Eles é que mereciam: todos ricaços, limpinhos, gente de pinta. A jeitosa da alcoviteira ajudava e muito em alguns serviços (ri…da alcoviteira), os outros noutros servicinhos de gatunagem. Olha eles também podiam pagar p’ra ganhar o concurso, têm uns vinténs graúdos e tal… E foram logo dar comigo que não tenho um tostão furado, tava sossegadinho no meu cantinho, não…Olha, escolheram-me!!! Iiiiiiii…rra, pá!
● Entrevistador – Então, o senhor está a insinuar que existiam subornos durante o concurso?
● Parvo – Olha-me este…! Ah, pois! Que existiam, eles existiam. Queriam todos ganhar o concurso à custa dos trocos, nah! Olha lá os subornos sempre existirão, é certinho!
Olhe ainda há pouco tava eu a vir p’ra qui e ouvi umas coisas sobre um apito qualquer que envolvia corrupções, uma Creolina Salgadeira, uma tal de alcoviteira, e outras coisas que tais.
Olha, há-de haver sempre gente que quer subir na vida à custa dos outros, percebe?
● Entrevistador – Damos então por encerrada esta entrevista, foi um prazer… (Interrupção por parte do parvo)
● Parvo – Obelá, ó pascacio…espera aí! Quero mandar uns beijinhos! Pó meu cão, pa minha avó e pa todo o pessoal da minha terreola, que é Vila Nova da Belha. (Exaltação, por parte do parvo, algazarra)
● Entrevistador – CORTA…
Fontes: Vicente, Gil . Auto da Barca do Inferno
Gil Vicente é considerado o primeiro grande dramaturgo português, não porque tenha sido o primeiro a "fazer teatro", mas porque não se encontram registos de outras peças de similar importância antes dele.
Diversos aspectos da sua vida revelam-se uma incógnita, mas pensa-se que nasceu em 1465, em Guimarães , ou talvez na Beira. Casou-se duas vezes: primeiro com Branca Bezerra com a qual teve dois filhos. Depois da sua morte casou com Melicia Rodrigues tendo mais três filhos.
Começou por estar ao serviço da corte em 1502, organizando diversos festejos como nascimentos, casamentos e festas cristãs nas quais apresentava as suas peças.
Dedica-se portanto à crítica social destacando os vícios da corte de uma forma simbólica como no auto da Barca do Inferno em que, como já deves ter aprendido, cada personagem personifica um grupo social e a crítica a ele subjacente.
O aspecto mais interessante das obras de Gil Vicente é verificar como as suas críticas se enquadram perfeitamente nos dias hoje, já que os defeitos que ele aponta a determinados grupos sociais também incidem nos dias de hoje.
A linguagem utilizada caracteriza-se pela utilização de diferentes níveis de língua, provocando por vezes efeitos cómicos através de expressões e ditos populares própria de cada grupo social (não te esqueças de ver a nossa entrevista imaginária, que vamos postar durante a próxima semana!).
http://www.universal.pt/scripts/hlp/hlp.exe/artigo?cod=2_115
http://www.csarmento.uminho.pt/nev_2sasp
http://www.instituto-camoes.pt/CVC/bdc/eliterarios/067/bb067.html
(acedidos em: 9 de Fevereiro de 2007)
Vamos deixar de falar sobre nós para vos contar um pouco sobre o escritor que escolhemos para o desafio do sapo challenge..
Aqui está a cronologia sobre a vida e obras de Gil Vicente:
1465? - Nascimento de Gil Vicente
1502 - Data do seu 1º livro - Auto da visitação
1502 - Auto Pastoril Castelhano
1503 - Auto dos Reis Magos
1504 - Auto de S. Martinho
1509 - Auto da IndiaAuto da Fé
1511 - Auto das Fadas
1512 - O Velho da Horta
1513 - Exortação da Guerra
1513 - Auto da Sibila Cassandra
1514 - Comédia do Viúvo
1536? - Morte de Gil Vicente
Fontes: en.wikipedia.org/wiki/Gil_Vicente
É verdade!!! Nós também temos um logotipo, especialmente personalizado pelo Miguel. Obrigada.
Vejam só se não está super:
Fontes: Criatividade do Miguel ()
Olá chamo-me Tânia e sou um dos membros do clã Artink! Tenho 15 anos, o meu signo é gémeos, a minha cor preferida é o azul, tenho como escritores de eleição Dan Brown, José Saramago, entre outros. Os livros que mais gostei de ler foram "O principezinho" e "O ano da morte de Ricardo Reis". Gosto de musica Rock e pop-rock, adoro ler, sair com os amigos, escrever, estar no computador e ouvir musica.
Olá chamo-me Rita e sou um dos membros do clã Artink! Tenho 15 anos, o meu signo é gémeos, a minha cor preferida é o vermelho, tenho como escritor de eleição Joanne Harris; Sophia de Mello breyner e Rosa Lobato de Faria, o livro que mais gostei de ler foi "Fala-me de amor" e "Cinco Quartos de Laranja". Gosto de musica Punk, Rock, Alternativa e Indie adoro Pintar, desenhar, ler, escrever, ouvir música, cinema, passear, dançar, fotografar, praia, viajar entre outros.
Olá chamo-me Daniel e sou um dos membros do clã Artink! Tenho 15 anos o meu signo é escorpião, a minha cor preferida é o azul, tenho como escritor de eleição Nicholas Sparks, Christian F., Dan Brown e José Saramago, o livro que mais gostei de ler foi "Os filhos da Droga". Gosto de musica Rock, Alternativa e Pop, adoro desenhar, ouvir musica, estar com os amigos, jogar e informática.
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